sexta-feira, 6 de maio de 2022

COM QUANTOS HOMENS VOCÊ JÁ TRANSOU? – UMA PERGUNTA PERIGOSA, MUITO PERIGOSA...



Seres humanos são sempre complicados. E ficam ainda mais complicados quando uma relação amorosa envolve ciúmes. Principalmente ciúmes do passado. Que é uma ferrugem, a corroer o amor, principalmente quando ataca a mente de um homem. É o tema de hoje: ciúmes que os homens têm do passado de suas companheiras.


A pergunta é fatídica e fatal: - Com quantos homens você já saiu? – Com quantos homens você já transou? A resposta – se verdadeira – pode fazer ferver os miolos de um homem ciumento. E de ciúmes já tratamos em outra publicação (queira ver, por favor). Mas, voltemos ao tema: essa é uma pergunta que nenhuma mulher merece responder, a não ser que o clima seja de total liberdade e dentro de um contexto erótico de ludicidade.


Explico: assim como há homens que gostam de ver suas mulheres transando com outros (na troca de casais, candaulismo etc., de que ainda trataremos neste blog), também haverá homens que terão muito prazer em que sua parceira relate experiências anteriores, como forma de excitação e de prazer erótico.


Voltemos ao tema: se você fizer essa pergunta à sua companheira esperando uma resposta única, sincera, sem rodeios, você pode quebrar a cara, porque não há uma resposta correta. E Ulisses Tavares, autor de Guia do Homem Que a Mulher Também Deve Ler, explica por que não existe uma resposta correta:


“Existem informações que são importantes para o homem saber sobre a mulher que compartilha sua cama e sua vida. A data do aniversário dela, por exemplo. Seu número de sapato. Os dias de TPM. Mas existem dados que só servem para tornar a vida amorosa e sexual masculina um sofrimento anunciado. O que fazer se a gente fica sabendo que seu ex foi cruel? Ou, pior ainda para o nosso ego e nossa masculinidade, ele era nota 10? De uma maneira sábia, a natureza nos fez bobocas, crédulos e pretensiosos.


Bobocas por achar que nossa companheira nunca atingiu o orgasmo antes de nos conhecer. Crédulos ao interpretar gemidos como os melhores de sua vida. E pretensiosos por atribuir ao nosso pênis e à nossa performance erótica uma capacidade inédita de fazer de cada transa um acontecimento! Nada fere mais o homem que saber com quantos outros sua mulher já foi feliz na cama. Inseguro, ele recebe a confissão como mais uma ameaça à sua competência.


E ela se agiganta por envolver rivais que ele não conhece e só pode imaginar como melhores. Mulher, inteligente emocional como é, só abre esse jogo como fantasia sexual. Sabe que somos seres que pensam com a cabeça de baixo. Nossa frágil autoestima agradece a desinformação nesse caso. Mulher esperta vai para a cama como se fosse a primeira vez. E homem esperto faz de conta que acredita.”


Se você ainda não se convenceu, vamos em frente: mulher não é táxi, para ter quilometragem; isso é uma grande bobagem de uma sociedade machista e preconceituosa. Mas, como o machismo é como capim, nasce em tudo quanto é canto, e o preconceito esconde-se atrás de cada porta e cada janela, aprofundemos o tema, com o texto abaixo, que apresenta o ponto de vista não só dos homens, mas principalmente das próprias mulheres:



QUILOMETRAGEM SEXUAL

Por Sabrina Passos




A lista de quantos homens você já foi para cama não é diretamente proporcional a beleza ou feiura do seu caráter. Longe disso. Ainda mais agora, em tempos de liberação sexual e igualdade entre os gêneros. Mas sim, ainda há um tabu enorme quando o assunto é quantidade!


No caso das mulheres, quem é mais experiente corre infelizmente o risco de ser tachada de "rodada". Então, será que vale contar sobre seu passado sexual para o novo príncipe? E será mesmo que a "quilometragem" importa?


"Racionalmente, não há necessidade de contar. O importante mesmo é desfrutar de um relacionamento de qualidade e guardar na lembrança o que foi bom do passado. Ficar contando, para montar currículo, é típico de adolescente, de quem inicia a vida sexual", aponta a terapeuta sexual Carla Cecarello.


Os homens mais machistas preferem a negação. "Melhor não saber mesmo. Me sinto mal em saber que minha namorada já foi pra cama com outros caras. Prefiro não falar sobre o assunto", confessa Paulo Dias, de 29 anos. Os casais mais liberais falam sobre o assunto naturalmente e acham que o diálogo enriquece as experiências. "Eu sabia que ela não era virgem quando começamos. Logo, outros já tinham estado com ela. É legal dividir experiências, sem envergonhar o outro, claro", completa Ricardo Pires, de 35. Ele acha que criar situações embaraçosas é infantilidade. "Comentários pejorativos, que indiquem preconceito, não levam a nada, nem numa relação superficial", completa. "As pessoas têm experiências antes de passarem pela nossa vida e ponto final".


Outros homens não se importam em assumir que queriam mesmo era casar com uma mulher virgem. Leonardo Silva, de 26 anos, é um deles. "Mas como sei que isso não existe, me conformo. E acho que não começaria um relacionamento sério se soubesse que a menina rodou demais", disse. Ele garante que apenas um número "muito alto" o faria mudar de ideia e desistir da menina. "Acho que mais de dez já é bastante", opina.


Roberto Lopes, de 36 acredita que o homem apenas pergunte sobre isso quando já tem alguma intimidade. "Num primeiro momento, se tiver sentimento, acho que todo homem se importa. Mas depois releva e tenta não considerar", acredita. "Eu, particularmente, não ligo", garante. "Só não gosto de comparações e muito menos que fique lembrando as experiências anteriores".


Mário Peixer, de 29 anos, afirma que é mentiroso o homem que diz que não quer saber sobre a "quilometragem" da mulher. Ele garante que se a menina não é da cidade e ele não conhece ninguém com quem ela já tenha transado, não há problema, mesmo se tiverem sido muitos. "Mas não namoraria uma menina que sei que dormiu com vários caras conhecidos, principalmente numa cidade pequena, como a que moro", admite. Para ele, se passou de duas dúzias, o número é alto. Mário admite ainda que exista preconceito com as mulheres mais "experientes", principalmente se essa experiência é pública. "Vejo muito homem comentando, falando sobre isso. Apontam a namorada de alguém e dizem que já transaram, só para aumentar a moral. Com mulher é bem mais complicado. O homem ainda é muito machista quando se trata de sexo", confessa.


Carla concorda e diz que a cultura ainda é mesmo opressiva. "Se a mulher que tem muitos relacionamentos deixa isso público, pode sofrer consequências como não encontrar marido ou namorado e acabar mal falada. Ainda mais se a ‘experiência’ for numa cidade pequena, num grupo de amigos ou no ambiente de trabalho", afirma a terapeuta. Mas ela lembra ainda que as próprias mulheres são preconceituosas. "Se conhecem um homem que teve poucas namoradas, já questionam sua sexualidade. E é preciso lembrar que a maioria dos homens são educados e criados por mulheres. Somos nós, então, que alimentamos esse círculo vicioso que valoriza a virgindade e crítica a experiência", pondera.


O melhor então é ter na mente que todo mundo tem passado - você e ele. E aprender a conviver de maneira civilizada com o que já passou, sem pudores, pode curar muita síndrome de posse. Vale apenas ficar de olho de que lado você quer ficar. Se contar vai melhorar a relação, bom para vocês dois. Mas, às vezes, o ditado ‘aquilo que os olhos não veem, o coração não sente’, pode evitar muita crise desnecessária.


"A experiência é muito importante porque é através dela que a gente aprende a se questionar, a perceber o que é bom e o que precisa melhorar. Assim, acaba aprimorando o desempenho. Não precisa trocar de parceiro toda hora, mas é preciso considerar que múltiplas experiências têm um lado muito positivo", finaliza.


Fonte: 

Ilustrações deErich von Gotha 


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