Um pouco de literatura – erótica, claro – para animar este blog. E não só literatura, mas também muita ilustração para encher os olhos depois de degustar o texto de Henry Miller. Leia, contemple, divirta-se quem gosta da fruta ou apenas gosta de olhar para a fruta:
"Há bocetas que riem e bocetas que falam; há bocetas malucas e histéricas com o formato de ocarinas e há bocetas abundantes e sismográficas que registram o subir e baixar da seiva; há bocetas canibalistas que se abrem como as fauces da baleia e o engolem vivo; há também bocetas masoquistas que se fecham como a ostra, têm conchas duras e talvez uma ou duas pérolas dentro; há bocetas ditirâmbicas que dançam à mera aproximação do pênis e ficam inteiramente úmidas com o êxtase; há as bocetas porco-espinho que abrem seus espinhos e sacodem bandeirinhas na época do Natal; há bocetas telegráficas que praticam o código Morse e deixam a mente cheia de pontos e traços; há as bocetas políticas que estão saturadas de ideologia e que negam até mesmo a menopausa; há bocetas vegetativas que não apresentam reação a menos que você as puxe pelas raízes; há as bocetas religiosas que cheiram como Adventistas do Sétimo Dia e estão cheias de contas, minhocas, conchas, excrementos de carneiro e de vez em quando migalhas de pão seco; há as bocetas mamíferas que são forradas com pele de lontra e hibernam durante o longo inverno; há bocetas navegantes equipadas como iates, que são boas para solitários e epilépticos; há bocetas glaciais nas quais você pode deixar cair estrelas cadentes sem provocar uma faísca; há bocetas mistas que não se enquadram em categorias ou descrições, com as quais você se encontra uma só vez na vida e que o deixam queimado e marcado; há bocetas feitas de pura alegria que não têm nome nem antecedentes e estas são as melhores de todas, mas para onde voaram elas?
E depois há a boceta das bocetas, que é tudo e que chamaremos de superboceta, porque não é desta terra, mas daquele brilhante país para onde fomos há muito tempo convidados a voar. Lá o orvalho está sempre brilhando e os altos caniços curvam-se com o vento."
(Texto de Henry Miller, em TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO; tradução de Aydan Arruda)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir