“A Priapeia é um conjunto de poemas em grego e em latim a respeito de Priapo, divindade que tem como principal característica o falo ou o membro genital enorme.”
“A figura de Priapo originou-se das imagens fálicas diante das quais se desenvolviam as orgias dionisíacas. Nas festividades de Dioniso, ocorria a a falofória, procissão em que um enorme falo era transportado pelo falófaro, sacerdote ‘que porta o falo’. [*]
Entre os séculos III e II a.C., a imagem de Priapo é colocada nos jardins e nas hortas, como forma de proteção contra ladrões. Selecionamos alguns poucos poemas da priapeia grega e latina, como exemplo não só do culto ao deus, mas também do tipo de proteção que os poetas expressavam ao colocá-lo como deus de seus jardins. Divirta-se com os belos paus em posição de descanso e eretos, num antes e depois que vai dar água na boca dos apreciadores do deus priapo:
(Nota: a pronúncia correta é mesmo PRI-Á-PO, não príapo, como aparece na maioria dos textos que tratam do deus).
PRIAPEIA GREGA
Em todos meu priapo enfio até em Cronos:
ladrão algum na horta discrimino.
Por legumes e abóboras dirão que não
convém dizê-lo. Não convém mas digo.
- “Maduros vejo os figos. Se me permitires
colher alguns...” - “Não toques nem num só!”
- “Priapo irado!” - “E peço-te um favor, e não
Virás em vão: me dá, que estou carente!”
- “Queres algo de mim? Diz!” - “Há uma lei: QUEM DÁ
RECEBE”. - “Tu, que és deus, queres dinheiro?”
- “Quero outra coisa.” - “O que é?” - “Após comer meus figos,
Teu figo aí detrás me dá contente.”
PRIAPEIA LATINA
O que deixa molhada em mim a parte
que dá indícios de que sou Priapo
não é orvalho, crede, e nem geada,
mas o que sói por si sair de dentro
se a mente evoca alguma jovem puta.
Não vás corar, Priapo, só porque
te pesa o teso pau, porque o censura
este poeta em versos seus: maior
volume não tens que o poeta.
Não vás dizer que não te dei aviso:
chegas roubando; partes arrombado.
Se a doçura de um figo desejares
e a mão quiseres esticar aqui,
olha p’ra mim, ladrão, pondera o custo
em peso que será cagar meu pau.
[*] Fonte: João Angelo Oliva Neto, in FALO NO JARDIM – PRIAPEIA GREGA, PRIAPEIA LATINA; traduções do autor.
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