quinta-feira, 31 de agosto de 2023

PRIAPO, UM DEUS MENOR, MAS MUITO POTENTE...

 


“A Priapeia é um conjunto de poemas em grego e em latim a respeito de Priapo, divindade que tem como principal característica o falo ou o membro genital enorme.”


“A figura de Priapo originou-se das imagens fálicas diante das quais se desenvolviam as orgias dionisíacas. Nas festividades de Dioniso, ocorria a a falofória, procissão em que um enorme falo era transportado pelo falófaro, sacerdote ‘que porta o falo’. [*]



Entre os séculos III e II a.C., a imagem de Priapo é colocada nos jardins e nas hortas, como forma de proteção contra ladrões. Selecionamos alguns poucos poemas da priapeia grega e latina, como exemplo não só do culto ao deus, mas também do tipo de proteção que os poetas expressavam ao colocá-lo como deus de seus jardins. Divirta-se com os belos paus em posição de descanso e eretos, num antes e depois que vai dar água na boca dos apreciadores do deus priapo:


(Nota: a pronúncia correta é mesmo PRI-Á-PO, não príapo, como aparece na maioria dos textos que tratam do deus).



PRIAPEIA GREGA




Em todos meu priapo enfio até em Cronos:

ladrão algum na horta discrimino.

Por legumes e abóboras dirão que não

convém dizê-lo. Não convém mas digo.



- “Maduros vejo os figos. Se me permitires

colher alguns...” - “Não toques nem num só!”

- “Priapo irado!” - “E peço-te um favor, e não

Virás em vão: me dá, que estou carente!”

- “Queres algo de mim? Diz!” - “Há uma lei: QUEM DÁ

RECEBE”. - “Tu, que és deus, queres dinheiro?”

- “Quero outra coisa.” - “O que é?” - “Após comer meus figos,

Teu figo aí detrás me dá contente.”


PRIAPEIA LATINA




O que deixa molhada em mim a parte

que dá indícios de que sou Priapo

não é orvalho, crede, e nem geada,

mas o que sói por si sair de dentro

se a mente evoca alguma jovem puta.





Não vás corar, Priapo, só porque

te pesa o teso pau, porque o censura

este poeta em versos seus: maior

volume não tens que o poeta.





Não vás dizer que não te dei aviso:

chegas roubando; partes arrombado.




Se a doçura de um figo desejares

e a mão quiseres esticar aqui,

olha p’ra mim, ladrão, pondera o custo

em peso que será cagar meu pau.


[*] Fonte: João Angelo Oliva Neto, in FALO NO JARDIM – PRIAPEIA GREGA, PRIAPEIA LATINA; traduções do autor.

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